Carreira, sonhos, realizações... uma questão de planejamento.

Lembra quando perguntavam a você, quando criança: - O que você quer ser quando crescer? Você pode ter respondido rapidamente um desejo de profissão ou mandou um singelo “sei lá”.

O fato é que o tempo passou e muitos de nós protelamos essa decisão até o último minuto. Aliás, muitos de nós até chegamos a nos matricular em um curso de graduação qualquer só para não perdermos o ano ou até mesmo porque não conseguimos passar no vestibular do curso que pretendíamos.

Recordo-me que, na época em que entrei pela primeira vez numa universidade, para efetivar minha matrícula, um colega confidenciou-me que não iria se matricular em lugar algum, pois naquele ano iria dedicar-se a ajuntar dinheiro para a compra do seu primeiro carro (usado).

Hoje em dia, para os pensam do mesmo modo, as opções se diversificaram bastante. Além do carro, temos celulares, vídeo games, notebooks, smatphones, GPSs, TVs de dezenas de polegadas e com altíssima definição, home theater com todos os watts de potência e outras milhares de bugigangas anunciadas diariamente pelas marcas que inspiram poder e glória, buscando de maneira sedenta, consumidores compulsivos de tecnologia de última geração.

Pois é, só que o que muitos não compreendem, talvez pela imaturidade que a juventude os remete, é que a carreira ou o futuro profissional é algo muito mais relevante que tudo isso, pois será ela quem proporcionará a realização e sustentação dos sonhos de consumo.

Recordo-me também quando transitava por este período de imaturidade, de um grande sábio que passou pela minha vida e deu-me a seguinte orientação, no dia em que haviam me subtraído um sonho de consumo conquistado: “Meu filho, tudo o que você comprar e que tuas mãos puderem tocar, alguém também poderá lhe roubar. Só uma coisa ninguém te rouba. O conhecimento.”

A partir desse dia, passei a investir tudo o que tinha em minha formação intelectual e, hoje, posso garantir que aquele sábio estava coberto de razão.

Durante o período em que percebi essa necessidade, fui à busca de mais orientações em como arquitetar essa cadeia de conhecimento que culminaria na construção da minha carreira. Pouco encontrei de modelos prontos, então resolvi montar o meu próprio “framework” convergindo alguns modelos de mercado e cheguei nesse guia prático para identificar, classificar e direcionar os desafios da construção de um início de carreira.

Os passos são bastante simples. O ponto de partida é uma análise SWOT, passando pela classificação GUT, culminando no foco do investimento responsável para realização de um sonho ou de uma carreira.

Quero ressaltar que meu objetivo com a divulgação desse material, não é apresentar nenhum tipo de Teste Vocacional, mas simplesmente demonstrar uma estratégia que deu certo comigo e poderá ajudar aos que buscam auxílio acerca do assunto.

Vamos lá... O primeiro passo é fazer uma análise SWOT da sua vida, ou seja, conhecer o ambiente em que você está inserido hoje. Veja abaixo:

1) Análise SWOT

a) SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenários. É o acrônimo em Inglês das palavras: Strenghts (FORÇAS), Weaknesses (FRAQUEZAS), Opportunities(OPORTUNIDADES) eThreats(AMEAÇAS)

b) O objetivo é você identificar em você mesmo seus valores, práticas, conceitos, situações e outros elementos que o cercam no seu dia-a-dia, de acordo com o que sugere o acrônimo SWOT.

c) Vale lembrar que as forças e fraquezas referem-se aos valores pessoais, variáveis que você domina e, as oportunidades e ameaças, a situações do ambiente externo ou as variáveis que você não as tem sob domínio.

d) Essa identificação é formalizada numa lista ou numa matriz, conforme sugere a figura abaixo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Swot

2) Classificação GUT

a) Após as identificações SWOT, partimos para a classificação GUT.

b) GUT também é um acrônimo das palavras: Gravidade, Urgência e Tendência.

c) O objetivo é classificar cada ítem da lista do SWOT, de acordo com o que sugere o GUT.

d) A classificação GUT funciona da seguinte maneira: Cada elemento tem uma classificação de relevância representado por um valor que varia de 1 a 5, onde o resultado será o produto dos valores numéricos atribuídos, conforme mostra a tabela abaixo:

Abaixo, um exemplo da lista SWOT valorizada de acordo com o GUT:

e) A próxima etapa será classificar em ordem decrescente os resultados obtidos na coluna GxUxT, conforme exemplificado abaixo:

f) Desta maneira, você descobriu a restrição que mais influencia seu desempenho e crescimento, numa ordem de relevância, onde o item que aparecer com o maior peso na coluna (GxUxT), é aquele que você deverá iniciar o processo de mudança, investindo em aprendizado e desenvolvimento, com objetivo de diminuir ou anular o efeito dessa restrição.

3) Realização de Sonhos

a) É extremamente salutar que cada um de nós tenha sonhos, sejam eles, profissionais, pessoais, materiais, familiares, etc. O sonho nos faz querer crescer e caminhar para frente. O sonho nos faz sentirmos vivos e realizados. O sonho é o grande propulsor das nossas vidas.

b) A parte mais importante do sonho ou do objetivo a ser alcançado é que ele tenha prazo para ocorrer, pois a partir daí, você poderá traçar uma estratégia e se comprometer com as metas a serem alcançadas.

c) Uma das formas de traçar a estratégia é identificar as relações entre o sonho e as restrições encontradas na classificação SWOT e GUT, fazendo um simples exercício de estratégia reversa.

d) Veja o EXEMPLO:

e) Note que dois pontos da estratégia dada como exemplo convergem com os itens de restrição encontrados na classificação GUT.

f) É fato também que esses pontos farão parte de outros objetivos a serem traçados e, uma vez superados, tais objetivos serão alcançados mais rapidamente.

Em resumo, constatamos que nenhuma realização, seja ela uma profissional ou pessoal, é obra do acaso, mas sim parte de um processo de conquistas, parte a parte. Como diz o velho jargão: "Somente colhemos o que efetivamente plantamos"

Muitos são os que sonham, mas poucos os que, na prática, realizam. O que está neste meio é a palavra “planejamento” e sobretudo a atitude de QUERER planejar.

Espero ter contribuído para deixar menos tortuoso o caminho de suas conquistas.

Até!

A Arte da Guerra - Comentado

Sun Tzu foi um general chinês que viveu século VI a.C. e que, no comando do exército real de Wu, acumulou inúmeras vitórias, derrotando exércitos inimigos e capturando seus comandantes. Foi um profundo conhecedor das manobras militares e escreveu: A Arte da Guerra, ensinando estratégias de combate e táticas de guerra. Vencer antes de lutar era uma das principais táticas ensinadas por Sun Tzu.

Apesar das especulações sobre a sua vida e existência, a sua obra A Arte da Guerra é considerada de grande importância nos escritos militares e estratégicos de toda a história da humanidade. Segundo os especialistas, apenas Carl Von Clausewitz se pode comparar.

Mais do que um livro militar, A Arte da Guerra é considerado um livro filosófico.

Embora todos os tópicos do livro sejam de extrema relevância, neste artigo, comento apenas três que me chamaram a atenção pela inerência dos desafios no dia-a-dia corporativo.

1)“A guerra possui 5 fatores fundamentais: A Influência Moral, O Tempo, O Terreno, O Comando, A Disciplina”

C. Um recém contratado de minha equipe, certa vez, fez a seguinte observação: “Nesta nova função, não sei bem como proceder quanto às minhas entregas. Tudo é novo, o negócio, o cargo, os clientes, os pares e os subordinados. Preciso de uma orientação para que eu possa conduzir bem este novo desafio”.

Nesta sucinta colocação, ele simplesmente deixava claro que, embora possuísse algumas premissas técnicas que o qualificaram para a contratação, alguns fatores de relacionamento humano lhe impediam de conduzir adequadamente o jogo que estava por vir. Ou seja, ele ainda não dominava com primazia os 5 fatores fundamentais de sobrevivência no mundo corporativo. Sabia que deveria fazer uso de sua influência moral, pois se tratava do exercício de um cargo de gestão, onde o fazia pela primeira vez. Tinha a consciência que suas entregas deveriam ser produzidas num curto espaço de tempo para garantir a continuidade do negócio, mas concomitante, sentia que estava “pisando em ovos”, pois não conhecia ainda as pessoas, as tecnologias empregadas e o processo do novo negócio. Leia-se aí, o “terreno”.

Percebia que naquele momento ele era a ponte entre o poder diretivo e o operacional da empresa, pois iria liderar ao mesmo tempo em que seria liderado. Saber entender e fazer-se entendido, respectivamente nas duas linguagens distintas, era a premissa do fator comando.

Para tudo isso a organização de seus objetivos, metas e tarefas era a grande arma para disciplinar a nova batalha.

É bastante comum nos sentirmos nesta situação quando iniciamos uma nova jornada em nossa carreira, ou até mesmo quando precisamos lidar com situações novas em nosso ambiente de trabalho, mesmo que não exerçamos um cargo de liderança, pois exercemos a influência cotidianamente.

O que fica claro é que somente aprendemos de maneira efetiva, quando saímos de nossa zona de conforto e encaramos, frente a frente, as novas batalhas, com coragem e determinação. Muitas vezes, ficarmos abatidos e saímos enfraquecidos diante de um embate, leia-se aí uma situação de pressão, de coação, de arrogância ou uma situação nova qualquer. Mas isso não nos qualifica para a vitória. Vitimar-se não o enobrece nem dignifica seus propósitos. Deve significar apenas um recuo estratégico para um posterior avanço mais assertivo, inteligente e vitorioso.

2)“A guerra é a estrada entre a sobrevivência e a ruína”

C. Encarar um desafio sem brio é o mesmo que ignorar a ferocidade de um leão dentro sua própria jaula. Esta é a diferença entre os que alcançam o sucesso e os que colecionam sucessivos fracassos. Isso não significa que o fracasso ou as dificuldades não façam parte da vida daqueles que vencem. Não é possível vencer constantemente, estar a todo tempo iluminado ou num frenesi contínuo. Mas é possível sim, colecionar ensinamentos que irão nos promover sempre a um degrau acima do problema.

Quando encaramos os problemas como oportunidade de crescimento moral, intelectual ou profissional, subimos o degrau da maturidade. Qualquer opção contrária nos limita na supremacia da ignorância.

3)“O essencial da guerra é a VITÓRIA e não operações prolongadas. Quando ela demora a ser conquistada, as armas perdem o corte e o moral da tropa se reduz, aumentando a vulnerabilidade para a derrota”

C. Hoje em dia é comum ouvirmos alguém verbalizar o termo ‘projeto’, mas poucos são os que se apossam do seu significado. A exploração comercial temática é ainda mais surpreendente com insuperáveis modelos de gestão de projetos, cujos acrônimos propõem fazerem parte das melhores práticas do mercado. Não sou contra nenhum, muito pelo contrário, até me amparo em alguns deles. O que é preciso perceber é que todos os projetos que usam esses modelos como ferramentas, são conduzidos por pessoas. A ferramenta por si só não termina nenhum projeto. Apenas apóia.

O que quero dizer com tudo isso é que vivemos cotidianamente cercados de projetos, e desafios, de toda ordem e grandeza, mas em grande parte deles suprimimos algumas etapas de extrema importância: O planejamento, o controle e o término. Somos exímios executores, executores e executores. A vitória nesses casos é a entrega, o término do projeto.

A prova de que somos grandes executores é quando o projeto se mistura com a operação. Quem já não vivenciou a eterna implantação de um sistema de informação qualquer? As customizações são tantas que os consultores até são confundidos com os próprios usuários, que por sua vez tremem de pavor ao saber que, um dia, o venerado consultor poderá ir embora.

Assim como a guerra, nossos projetos devem ter começo, meio e fim. Projetos sem fim perdem a credibilidade e são fadados a prejuízos incalculáveis quando não à própria morte ou a de seu patrocinador.

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por Adriano Pelaquim, MBA

2010